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Foto do escritorSindicato dos Bancários

Bancários do Santander passarão a trabalhar finais de semana e feriados nos shoppings de Campinas


Mais uma vez fomos surpreendidos pelas redes sociais com notícias de interesse geral de todos os bancários e bancárias de todo país: os bancários do Santander de Campinas decidiram em assembleia trabalhar nos fins de semana e feriados nos shoppings da cidade.

Ainda que exista a autonomia do Sindicato de Campinas, um dos maiores sindicatos da categoria no país e um marco histórico na retomada das lutas e organização da categoria nos anos 1980, a repercussão de decisão tão grave extrapola, e muito, sua abrangência territorial. Particularmente na conjuntura atual.

O argumento de que foram cumpridos os trâmites legais e burocráticos não é suficiente. Em razão de todas as questões envolvidas, não restritas apenas aos bancários do Santander e muito menos apenas de Campinas, esse debate deveria ter sido efetuado no fórum maior da categoria, que é o Comando Nacional dos Bancários, onde aliás o Sindicato de Campinas tem voz e voto.

No momento em que em diversas bases sindicais os trabalhadores e suas representações sindicais estão lutando para coibir o trabalho “voluntário” nas agências aos sábados, aceitar essa antiga demanda de todos os bancos no Brasil, acabando com o conceito de dia útil não trabalhado, já consagrado, flexibiliza completamente as jornadas e condições de trabalho da categoria. Definitivamente, não poderia ocorrer da forma como ocorreu.

A categoria bancária é uma das mais acometidas por acidentes/doenças ocupacionais causadas por condições inadequadas de trabalho, jornadas exaustivas e modelo organizacional que favorece a figura do assédio moral, principalmente pela cobrança de metas abusivas, ocupando infelizmente o primeiro lugar nas doenças psicossomáticas. E descanso aos finais de semana tem um papel preponderante na manutenção da higidez e saúde mental dos bancários

E essa cobrança absurda à exaustão tem dado resultados, já que contribuiu para o banco espanhol ter alcançado lucro líquido de R$ 3,485 bilhões no Brasil, somente no primeiro trimestre de 2019. E é por isso que o Santander Brasil já responde por 29% do seu lucro global, sendo o maior percentual dentre todos os países onde o banco espanhol atua, inclusive na Espanha.

Mesmo garantindo o pagamento de horas extras e uma folga em outro dia, o acordo continua a ser muito ruim.

Não só pelos graves precedentes já expostos, mas também por seu conteúdo.

Ao abrir nos finais de semana e feriados, os bancários já exauridos de tanto trabalho durante a semana terão de comprometer seu descanso e convívio familiar, com mais trabalho e mais metas.

Ao garantir a folga, não permitindo a compensação de jornada, também nada adianta. Porque quando um colega folgar durante a semana vai sobrecarregar ainda mais quem estiver na agência, ou esse funcionário terá que usar sua “folga” pra continuar correndo atrás de sua meta, porque essa não será aliviada. Muito pelo contrário, pelas perspectivas de novos negócios nos shoppings nos finais de semana, provavelmente elas ainda serão aumentadas.

Quando o acordo aprovado abre a possibilidade de individualização da adesão – a princípio pode parecer uma questão de livre manifestação -, abre-se espaço para maior assédio e pressão.

Quem nos dias atuais, com tamanho desemprego, vai se sentir livre em não aderir “espontaneamente” se num grupo de 5 ou 6 gerentes, 3 ou 4 hipoteticamente aderir?

Novas contratações somente serão avaliadas pelo banco, caso esse ache que seja financeiramente vantajoso para ele, após seis meses.

Agora perguntamos: diante de tudo isso, onde está qualquer vantagem para os bancários?

Nós do EnFrente não concordamos com esse tipo de acordo, sob nenhum pretexto. Em vez de decisões isoladas, acreditamos que é preciso fortalecer os espaços nacionais de discussão e decisão, como as COEs, as federações, confederação e Comando Nacional, visando ampliar e fortalecer a unidade nacional da categoria.

Esperamos uma reflexão por parte dos companheiros de Campinas e que o Comando Nacional dos Bancários se posicione firmemente contra mais esse avanço sobre os direitos da categoria, com repercussões gravíssimas, na já gravíssima qualidade de vida dos bancários.

Somos todos bancários e bancárias, somos Campinas, mas Campinas não é o Brasil. A unidade nacional pressupõe construção e debates permanentes, ainda que os pontos de vista sejam divergentes ou polêmicos.

VamosEnFrente.com.br

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