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Caixa esconde fatos relacionados ao caso de funcionário afastado por racismo


Cliente foi vítima de racismo e agredido por policiais militares enquanto tentava ser atendido. Mas a história não é bem essa.

Um cliente da Caixa foi vítima de racismo e agredido por policiais militares enquanto tentava ser atendido, na agência, localizada na Av. Sete de setembro, em Salvador, Bahia. A agressão foi filmada pela filha de 15 anos do cliente, que postou o vídeo nas redes sociais. O caso aconteceu dia 25 de fevereiro. Durante as cinco horas que permaneceu na fila do banco, o cliente e empresário Crispim Terral, 34 anos, relatou ter sido tratado com total descaso e indiferença pelo gerente-geral da Caixa, que ignorou sua presença e passou outras pessoas na sua frente. Ao reclamar da situação, o cliente recebeu como resposta: “Se o senhor não se retirar da minha mesa vou chamar uma guarnição”, disse o gerente.

A Caixa afastou o funcionário da agência, acusado de racismo e divulgou nota, no dia 27 de fevereiro, dizendo que repudia práticas e atitudes de discriminação cometidas contra qualquer pessoa e que a Corregedoria da instituição iria apurar o caso. Para o secretário de Combate ao Racismo da Contraf, Almir Aguiar, está claro que o cliente foi vítima de racismo, tanto do gerente quanto do policial militar. “Salvador é a cidade mais negra do país e mesmo com 82% da população negra os afrodescendentes continuam sendo vítimas de racismo. Está muito claro nas imagens o descaso do gerente, e a ação truculenta do policial mostra que o tratamento é diferenciado” afirmou. De acordo com nota divulgada pela Policia Militar nas redes sociais, Crispim teria se recusado a deixar a agência, mesmo após o término do expediente e que houve necessidade de empregar força proporcional, mesmo após diversas tentativas de conduzir o cliente sem o emprego da força. “A nota da polícia militar não condiz com as imagens, o cliente não reagiu e foi imobilizado da mesma forma que um segurança do supermercado extra usou para matar um jovem negro diante de sua mãe. A Caixa deve assumir a responsabilidade e cobrar do gerente, não é possível aceitar essa postura racista e descaso com esse e outros clientes. O sistema financeiro inclusive contrata poucos negros e negras para atuar em seus quadros, agora, agir de forma preconceituosa e racista é inadmissível”, diz Almir Aguiar.

Repercussão em Sorocaba

O caso repercutiu no Brasil todo, inclusive em Sorocaba. Para Antônio Marcos Cabrera, funcionário da Caixa e diretor do Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região, o racismo é sempre repudiado por todos, mas a história tem outro lado, que não foi divulgado pela mídia.

Cabrera conversou com a presidente da Agecef Campinas, que informou sobre a perda da função do colega e sobre a revolta dos empregados da agência, que não concordaram com a atitude da Caixa. Conforme Cabrera, eles relataram que o histórico de relacionamento do cliente na agência não era dos melhores e que ele já havia causado outras situações de conflito. Essas informações não estão publicadas em lugar algum. Daí a revolta dos funcionários da Caixa.

“O que causou estranheza é que logo depois do episódio, a Caixa realizou uma vídeo conferência nacional, sobre o tema ‘politica de relacionamento com clientes e usuários’, onde foram abordados diversos temas e situações sobre atendimentos, pertinentes e relevantes, porém dando muita ênfase ao episódio de Salvador, com opiniões tendenciosas e previamente julgadas, sem tempo hábil para a apuração dos fatos”, explica.

Para Cabrera, houve falhas de todas as partes (equipe gerencial, cliente e policia). “Imagina um cliente dentro da agência desde as 10h, exigindo devolução imediata de um valor contestado e se recusando a sair da agência sem a solução definitiva do problema? Gera stress, desestabiliza o ambiente e propicia decisões equivocadas. É preciso entender que seguimos normas, amparadas pelo BACEN e PROCON, há prazos e procedimentos a seguir e a não conclusão imediata da demanda não pode ser considerada negativa de atendimento”, completa.

O dirigente sindical se preocupa que ocorrências similares a está estão cada vez mais comuns. Clientes gritam, ofendem empregados, fazem filmagens irregulares e depois reclamam no sistema de ouvidoria da instituição e até mesmo na mídia (como neste caso) apresentando versões distorcidas dos fatos. E os bancos tomam decisões precipitadas e quase sempre responsabilizando os empregados, antes mesmo de apurar devidamente os fatos.

SEEB Sorocaba

Foto: O cliente Crispim Terral, que acusou o funcionário da Caixa de racismo contra ele.

 
 
 
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