Em meio à deterioração da crise venezuelana, o banco norte-americano Citibank confirmou nesta terça (12) que fechará a conta usada pelo Banco Central da Venezuela para transações em moeda estrangeira.
A decisão, que havia sido anunciada na véspera pelo presidente Nicolás Maduro, deve limitar ainda mais a margem de manobra internacional do governo chavista.
"Após avaliação periódica da gestão de risco na Venezuela, o Citi decidiu cessar sua atividade como banco correspondente e descontinuar o serviço de certas contas no país", disse a instituição em nota à imprensa.
Como banco correspondente, o Citi atuava como plataforma entre instituições oficiais, incluindo o Banco Central e o Banco da Venezuela, e bancos estrangeiros.
Na prática, o Citi era usado para efetuar e receber transferências.
O fechamento das contas, a ser efetivado em 30 dias, segundo Maduro, deve complicar ainda mais a situação financeira da Venezuela.
O país é um dos mais dependentes de comércio exterior, já que sua economia se resume, essencialmente, a exportar petróleo e importar quase tudo que consome.
Não está claro se os pagamentos relativos à importação de petróleo venezuelano pelos EUA são feitos por meio dessas contas.
Caracas já está sob forte pressão dos seus credores, a quem deve bilhões de dólares em títulos da dívida soberana e da petroleira PDVSA. Mais de US$ 7 bilhões (R$ 23,1 bilhões) devem ser reembolsados até o fim deste ano.
Diante do escasseamento das reservas venezuelanas, hoje situadas em US$ 12 bilhões (R$ 39,6 bilhões), crescem temores de um calote e restrições a novos financiamentos para Caracas.
Ao divulgar publicamente a decisão do Citi, Maduro disse que a Venezuela é vítima de um "bloqueio financeiro", acusou os EUA de orquestrarem manobras contra Caracas e prometeu "resistir".
"A Venezuela não será detida por ninguém. Com ou sem Citibank, vamos seguir adiante. Com ou sem Kimberly, a Venezuela vai pra frente", afirmou o presidente, ao mencionar o embate com outra empresa americana.
No sábado, a multinacional Kimberly-Clark, que fabrica principalmente papel higiênico, guardanapos e toalhas sanitárias, anunciou a paralisação das suas operações na Venezuela alegando dificuldades ligadas ao controle de câmbio.
A empresa disse não conseguir importar matéria-prima nem obter dólar para manter operações. Em resposta, Maduro ordenou a ocupação da empresa.
EXÉRCITO
Em outra medida polêmica, militares ocuparam nesta terça-feira portos, aeroportos e empresas em cumprimento à Grande Missão Abastecimento Soberano e Seguro.
A ação foi lançada por Maduro segunda (11) para aumentar ainda mais o controle das Forças Armadas sobre a produção e a distribuição de alimentos em meio à grave crise de abastecimento.
Fonte: Folha de SP