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Foto do escritorSindicato dos Bancários

De olho na imagem positiva, bancos apostam em sistema de bikes


Os sistemas de empréstimo de bicicletas avançam no Brasil movidos pela força de patrocínios. Das 13 cidades do país que possuem redes públicas, apenas duas, Santos e Sorocaba (SP), são mantidas com verba oficial.

Nas outras, a conta é dividida entre patrocinadores, que financiam em torno de 80% do custo, e tarifas dos usuários (20%).

"Cobrar mais do usuário geraria pressão em um serviço que está se consolidando", diz Ângelo Leite, presidente da Serttel, empresa que gerencia a maioria dos sistemas. Para baratear o custo, a companhia investiu em veículos mais simples e em energia solar, o que poupa gastos com fiação e conta de luz.

A Serttel não revela o valor de seus contratos, mas o montante recebido para instalar o sistema Eco Bici, de Buenos Aires, dá ideia do investimento necessário: serão 60 milhões de pesos (R$ 24,5 milhões) pela instalação e operação de um sistema com 200 estações.

Além da estrutura física, o custo inclui a manutenção, o funcionamento de uma central de controle e de agentes para remanejar as bicicletas ao longo do dia.

No Brasil, o maior patrocinador do segmento é o Itaú, que já levou suas bicicletas laranjas para Rio, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Porto Alegre e São Paulo -nesta última, tenta agora renovar o contrato.

Nessas cidades, as prefeituras não pagam nada, mas definem a localização das estações e monitoram a qualidade do serviço oferecido.

Em São Paulo, o laranja disputa espaço com o vermelho. A Bradesco Seguros patrocina as ciclofaixas de lazer desde 2009, que se estendem por 120,4 km aos domingos e feriados e recebem 120 mil pessoas por dia.

Em São Paulo, o laranja disputa espaço com o vermelho. A Bradesco Seguros patrocina as ciclofaixas de lazer desde 2009, que se estendem por 120,4 km aos domingos e feriados e recebem 120 mil pessoas por dia. "Se o hábito de pedalar faz parte do cotidiano dos paulistanos, a Ciclofaixa de Lazer contribuiu muito para isso", disse a empresa, por meio de nota.

O Itaú não comenta sobre os ganhos de marca gerados, mas comemora ter contribuído para disseminar o hábito de pedalar. "O projeto do bike não é um patrocínio, mas uma causa, um trabalho feito a quatro mãos com o município. Alguns pedem puramente patrocínio, mas não fazemos assim", diz Luciana de Nicola, superintendente de Relações com o Governo do banco.

PELO MUNDO

Em outras grandes cidades do mundo, bancos também patrocinam o serviço. São os casos de Nova York (Citibank), Londres (Santander), Toronto (TD Bank) e Moscou (Sberbank e Banco de Moscou).

O Citi investiu US$ 41 milhões (R$ 166 milhões) por cinco anos de contrato, e o Santander, 7,25 milhões de libras por ano (R$ 45,1 milhões) para pintar de vermelho as bikes de Londres.

"Os bancos despertam simpatia ao oferecer uma alternativa de transporte e ajudam a mudar a imagem de corporações rígidas e voltadas ao lucro", analisa Rodrigo Amantea, pesquisador de marcas do Insper.

"Com o serviço, eles entram no cotidiano de pessoas que não são clientes e criam proximidade."

Para Vera Waissman, professora da FGV, a ação tem apelo especialmente entre o público jovem e, com ela, os bancos estimulam duas mudanças culturais: compartilhamento e transações via celular.

"Acaba a cultura do 'meu automóvel' em prol de uma mobilidade colaborativa. Pego aqui e deixo ali, não me preocupo", diz.

E, ao usar o smartphone para liberar as bicicletas, os clientes também o veem como meio de pagamento, aposta dos bancos para reduzir custos nos próximos anos.

De acordo com a Serttel, 77% dos empréstimos são feitos via aplicativo. Leite ressalta, porém, que os dados sobre a utilização dos clientes não são repassados aos patrocinadores.

PROBLEMAS

Londres e São Paulo, que possuem bicicletas públicas há alguns anos, tiveram neste ano de renovar seus contratos com patrocinadores.

Na cidade inglesa, o banco Barclays decidiu não estender o contrato de patrocínio e foi substituído pelo Santander, que pintou as bicicletas, então azuis, de vermelho.

Em São Paulo, o termo de cooperação com o Bike Sampa venceu em maio e a licitação para escolher quem cuidará do serviço nos próximos anos ainda não foi concluída.

O edital foi suspenso pelo Tribunal de Contas do Município para correções e ainda não há prazo para publicação, de acordo com a CET.

Com isso, o serviço operou sem contrato durante quatro meses. Um termo temporário, válido até o término da concorrência, foi assinado apenas na semana passada.

Fonte: Folha.com

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